sexta-feira, 23 de setembro de 2022

A “Operação L¹” e o Resgate da Bandeira Nacional

                                Foto do último comício do presidente Lula em Porto Alegre em 16/09/2022 (Ricardo Stuckert)


Registrei faz alguns anos que houve um fio condutor para o desastre político nacional, mais do que sintetizado na abjeta figura do (des)presidente. Das malfadadas “jornadas de junho de 2013”, do impeachment – reconhecido recentemente pelo Ministério Público como fraudulento - da presidente Dilma,  até a contestada vitória eleitoral da extrema direita em 2018, o País foi alvo de uma operação desestabilizadora conceitualizada pelos suspeitos de sempre, isto é, pelas agências de inteligência e setores militares do império norte-americano. Associado às oligarquias nativas subalternas e de suas correias de transmissão incrustradas nas instituições do estado brasileiro.   




A “Operação L¹”  e o Resgate da Bandeira Nacional


Muitos analistas - dentre os quais me incluo - asseveraram que o Brasil foi alvo de uma “Guerra Híbrida”. Resumidamente a “Guerra Híbrida” opera um mix de possibilidades para gerar caos e destruição num País soberano, considerado hostil pelo império estadunidense. As “Guerras de Quinta Geração”, ou, “Híbridas” livradas pelo império combinam sanções econômicas e financeiras para asfixiar as economias dos países não alinhados, além de operarem doses maciças de desinformação através da mídia-empresa, tendo como alvo a destruição de qualquer resquício de pensamento crítico por parte dos cidadãos. O império e seus consortes também lançam mão e promovem “guerras quentes” como a que ocorre na Ucrânia, por meio de  governos fantoches como o do neonazista Zelensky. Posto que manietado pela OTAN, o governo  ucraniano há oito anos vinha atentando contra a vida de cidadãos na região autônoma do Donbass, lindeira com a Federação Russa. Por conta do genocídio de cidadãos etnicamente russos - intencionalmente não divulgado pelos meios de comunicação - a Federação Russa não teve outra opção, que não a de defender a vida de milhões de habitantes das repúblicas autônomas de Lugansk e Donetsk. Sendo asim lançou uma Operação Militar Especial (SMO), batizada de “Operação Z”, e que decorridos sete meses vem alcançando plenamente seus grandes objetivos; desmilitarizar/desnazificar a Ucrânia e livrar as regiões russófilas do jugo do neonazismo.

Por seu turno um dos trunfos na tentativa de destruição de um país como o Brasil, cujo “caos gerenciado” desaguou no bolsonarismo, resultou, dentre outras ações conspiratórias, de uma operação psicológica (PsyOp) padrão. Operação típica e largamente utilizada em outras latitudes pelos “inusual suspects”, ou seja, pelas agências de inteligência norte-americanas. As “PsyOps” empregam os grandes meios de comunicação de massa controlados e hodiernamente as redes sociais da internet, com o fito de “gerenciar percerpções” para manipular corações e mentes. No limite estimulam e organizam grandes manifestações “espontâneas” para desestabilizarem governos, como as que se sucederam em 2013. De 2015 em diante a direita entreguista brasileira operou com muito dinheiro e recursos tecnológicos uma operação de envergadura para mobilizar inocentes úteis e um eleitorado conservador, com o fito de convocá-los a se “manifestar” nas principais capitais do País. Se paramentaram com a camisa da gloriosa seleção brasileira – um dos símbolos do “soft power” nacional – para criar uma “falsa consciência” de coesão e unidade nacional. Mas ao fim e ao cabo se tratou - nem mais, nem menos -  de mais uma “revolução colorida” manietada pelo império norte-americano e seus consortes nativos. Não deixa de ser um requinte de PsyOps, posto que movem uma parte da população do País-alvo para defender os interesses de uma potência estrangeira e seus aliados oligárquicos contra seus próprios interesses nacionais. Aliás um recurso sabidamente usual de qualquer dominação ideológica, isto é, por meio da manipulação de símbolos e de mensagens fazer passar o interesse particular como se fôsse o interesse de todos. Não por outro motivo alguns autores cunharam  - de certo modo divertidamente – as manifestações multitudinárias com a camisa da CBF, como a “Revolução dos Patos[2]”. 

A rigor já há uma densa literatura que vem estudando o fenômeno das “revoluções coloridas” e do neogolpismo do século XXI, que sob o ponto de vista imperial constituem um recurso desestabilizador indispensável para destruir nações e governos soberanos. No caso brasileiro “o truque” ideológico utilizado para além do “jornalismo” e das “redes sociais de guerra”, consistiu em sequestrar os símbolos pátrios como a bandeira nacional. Desse modo reuniram parte de um eleitorado reacionário, com o “proto-fascismo” da nova direita adestrada por “think thanks”, como o instituto Atlas, que resultou em excrescências como o MBL, Vem Pra Rua, MCC, etc. Foi na esteira da onda de reacionarismo artificialmente sustentada que o bolsonarismo protagonizou o sequestro dos símbolos pátrios como a bandeira nacional, para ressignificar e etiquetá-los como emblemas neofascistas e dos respectivos bandos saqueadores das riquezas e do orçamento público[3].  

É sabido desde muito que o recurso preferencial dos impérios para removerem governos não alinhados , não é o confronto militar direto. Antes, o que perseguem é desestabilizar “por dentro” os países e governos considerados adversarios, ou, inimigos. Mas para isso e para além das oligarquias colonizadas e subalternas demandam constituir e ampliar uma base social de “quintas-colunas”. Isto é, de traidores da Pátria conscientes e de inocentes úteis, ou, inúteis. Em comum cumprem com o papel de sabotadores da nação. Tamanha operação resulta necessariamente numa considerável polarização política, que infelizmente pode escalar em violência política eleitoral, no limite guerra civil. 

Não foram poucas vezes que li e ouvi de pessoas bem intencionadas e que tem ojeriza pelo neofascismo bolsonarista, de que quando se deparam com a figura da bandeira nacional portada por um automóvel, ou, exposta numa residência, desconfiam e fulminam, “deve ser apoiador do inominável, deve ser um deplorável!” Via de regra acertam! E portanto temos um problema político a ser resolvido aqui e no plano do imaginário. Essa é mais uma tarefa da “Operação L”. A bandeira nacional é um símbolo sagrado da brasilidade e de nossa Pátria. E deve ser resgatada daqueles que a adulteraram e quase a transformaram num emblema eleitoral expressão de tudo que é abominável; da violência, do preconceito, do entreguismo, do genocídio e de toda fedentina neofascista. Que o triunfo da “Operação L” devolva a nação o orgulho de ser brasileiro! Como disse o presidente Lula num comício recente por essas bandas: “A bandeira nacional não é propriedade de ninguem e de nenhuma parte da sociedade! A bandeira é a representação do nosso território, de suas riquezas e de todo o povo brasileiro!

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[1] A “Operação L” foi conceitualizada em: http://iltonfreitas.blogspot.com/2022/04/a-operacao-l-e-desbolsonarizacao-do.html

[2] Sobre as manifestações de direita “espontâneas” de 2013 em diante no Brasil, vide a excelente publicação do professor Mateus Mendes: “Guerra Híbrida e Neogolpismo no Brasil: Geopolítica e Luta de Classes no Brasil (2013-2018)”, pela editora Expressão Popular, 2022. 

[3] Quem tiver interesse em aprofundar esse conteúdo, a leitura indispensável é : “A Desordem Mundial: o Espectro Total da Dominação: guerras por procuração, terror, caos e catástrofes humanitárias.” Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2016. Moniz Bandeira. 



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