quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Dia 31/10/19, Lançamento do Livro “Guerra Híbrida Contra o Brazil”

No próximo dia 31/10/19, numa quinta-feira, véspera da abertura oficial da Feira do Livro de Porto Alegre, farei o lançamento do livro “Guerra Híbrida Contra o Brasil”, pela editora LiquidBook. O evento ocorrerá na sede do SindBancários, na rua General Câmara, 424, às 18h. 





A rigor o livro é um ensaio, posto que se trata de uma peça não ficcional, apoiada em discussões bibliográficas e que, a partir de inferências, me permitem afirmar que o Brasil foi alvo de uma “Guerra Híbrida”, cujo ponto de inflexão remonta às celebres “jornadas de junho de 2013” até a eleição de Bolsonaro. Mas o que é a “Guerra Hibrida”? A rigor se trata da intervenção indireta em países-alvo movida pelo império anglo-americano, e que persegue objetivos de guerra. Isto é, a deposição ou destruição de regimes e de governos hostis aos interesses das grandes potências ocidentais e do capital financeiro, a perseguição, confinamento e aniquilamento de lideranças populares, a captura de fontes e de recursos naturais e energéticos, a destruição de empresas e cadeias produtivas nacionais e a instauração de governos vassalos, entreguistas e antinacionais.

 As intervenções do império anglo-americano em países governados por governos “hostis”, convalidadas por seu braço executivo, o governo norte-americano, vem de longe. Considerando o pós-Segunda Grande Guerra (1939-1945), a partir dos anos cinquenta do século passado, temos na América Latina as seguintes intervenções:  na Guatemala, em 1954, em Cuba, em 1961, no Brasil, em 1964, na República Dominicana, em 1965, no Chile, em 1973, na Argentina, 1976, o suspeito acidente que vitimou o presidente Jaime Roldós, no Equador, 1981, invasões de Granada, em 1983 e do Panamá, em 1989 e intervenção indireta na Nicarágua, 1990. Fazia parte do padrão destas intervenções o emprego direto e desproporcional de marines, como os casos das invasões de Granada e Panamá. Ou, de outro modo, dando apoio e instrumentalizando a sublevação de atores estatais antinacionais das forças armadas. Foram os casos do Chile, com o facínora Pinochet, do Brasil, com setores golpistas da oficialidade, e dos generais genocidas da Argentina. 

Num certo sentido a “Guerra Híbrida” constitui uma síntese da experiência imperialista acumulada em intervir em países governados por lideranças políticas insubmissas aos seus interesses econômicos e políticos. Contudo, a “Guerra Híbrida” não deixa de ser uma resposta “inovadora” a um mundo que não é mais unipolar, posto que tendente à multipolaridade com o advento da China como potência econômica, e da Rússia, que segundo analistas especializados e sob os auspícios do Presidente Putin, logrou a paridade – quiçá superioridade -  no campo militar. Sendo assim, a “Guerra Híbrida” se propõe a uma abordagem adaptativa do conflito no século XXI, que permuta a intervenção militar direta pela instrumentalização de atores não estatais para fins de desestabilização de governos e regimes. 

As “Guerras Híbridas” são empregadas tendo em vista escalar conflitos até o limite do enfrentamento armado promovido por atores não estatais. Numa primeira etapa os regimes e governos alvos são fustigados por “Revoluções Coloridas”. As “Revoluções Coloridas” são manifestações de massas manipuladas pela mídia tradicional e por redes sociais orientadas e alimentadas para operar no padrão “guerra de informações”. O objetivo da “guerra de informações” é criar “o ambiente” favorável à hostilização do governo e a promoção de manifestações de rua “pacíficas”. Caso as “Revoluções Coloridas” sejam insuficientes para depor os governantes, o passo seguinte poderá ser uma “Guerra Não-Convencional”. Nesse caso grupos recrutados e armados se empenharão por conflitos de baixa intensidade e assimétricos, mas com enorme potencial de provocar baixas às forças de segurança leais, à infraestrutura do País-alvo e socialmente gerar caos, pânico e desequilíbrio psíquico à população civil. 

No caso do Brasil a “Guerra Híbrida” ampliou consideravelmente seu “mix” de possibilidades. Como descreveu o ativista pelos direitos humanos e prêmio Nobel da Paz, em 1980, o argentino Adolfo Pérez Esquivel, na América Latina foram utilizados os “golpes de veludo”, ou brandos. Posto que através de um verniz “legal“ fornecidos por setores do judiciário corrompidos e de maiorias congressistas auto interessadas se produziram golpes de estado. Desse modo foram destituídos os governos eleitos de Manuel Zelaya, em Honduras, 2009, do presidente Fernando Lugo, no Paraguai, em 2012 e da presidente Dilma Rousseff, em 2016. Não se pode descartar a hipótese de que Honduras e Paraguai serviram como “laboratório” para a consecução do golpe contra Dilma. No entanto, em nosso País a mídia-empresa cumpriu papel preponderante na manipulação da população hostilizando permanentemente o governo. Já as redes sociais operaram a pleno no padrão “redes sociais de guerra”, articulando, recrutando e organizando “manifestantes” para lutarem “contra a corrupção” dos governos petistas. Sendo assim se combinaram “Revolução Colorida” e “Golpe de Veludo” para dar termo a uma das democracias jovens mais promissoras do mundo. A aberração de termos na presidência um fascista como Bolsonaro, a destruição da nação e a regressão civilizatória transformada em meta de seu governo, nos permite aduzir com sobras de evidência que a barbárie desembarcou no Brasil. 

A reflexão que faço no meu livro “Guerra Híbrida Contra o Brasil” é uma tentativa de se aproximar e explicar uma realidade trágica, dura e letal para os sonhos daqueles brasileiros verdadeiramente democratas e nacionalistas.  Contudo, e como ensinam os chineses, “nem rir, nem chorar, compreender.” E a compreensão é o primeiro passo para a libertação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário