sexta-feira, 13 de abril de 2018

O Golpe “Dobrou a Aposta”: A Prisão do Presidente Lula



Considerando o golpe parlamentar que resultou no impeachment de Dilma em 2016, e a prisão do presidente Lula nos primeiros dias de abril, podemos afirmar que os golpistas “dobraram a aposta”. Dobrar a aposta é uma técnica difundida em cassinos onde os jogadores apostam todas as fichas em sucessivas rodadas até a contemplação. Por outro lado, o fato de “dobrarem a aposta” ao prenderem Lula sugere duas coisas: a) que algo não saiu como o previsto, e b) que novos lances se sucederão na escalada golpista, ou seja, há “método por trás da loucura”! Vejamos.




Foto: Francisco Proner



 



O Golpe “Dobrou a Aposta”: A Prisão do Presidente Lula




Antes de mais nada importa esclarecer que o golpismo(1) logrou feitos importantes e vem executando em boa parte a agenda de destruição da infraestrutura, e dos sistemas essenciais do estado brasileiro. No que diz respeito a infraestrutura a promissora cadeia produtiva do petróleo e gás foi praticamente aleijada pelo aríete do golpe, isto é, pela operação – jurídico/midiática – “lava-jato”. Grandes empresas brasileiras em vias de internacionalização (Odebrecht, etc.) foram penalizadas e enfrentam enormes dificuldades financeiras. Sem falar na entrega do pré-sal a “troco de banana” através de suspeitos leilões para as transnacionais petroleiras, e do desprestígio internacional a que submeteram a Petrobras. Em relação aos nossos sistemas essenciais o golpe logrou “liquidar com a herança da era Vargas”, conforme desejo do entreguista FHC, e tornou letra morta a legislação trabalhista ferindo a essência protetiva da CLT.  Ao aprovarem no Congresso Nacional o congelamento do orçamento da União por vinte anos, os sistemas essenciais da saúde, educação e segurança foram e serão severamente afetados. Contudo, não conseguiram avançar sobre a Previdência, o que torna o títere/lumpen governo Temer mais frágil e com boas possibilidades de descarte. 

Mas o que - na perspectiva política do golpismo -  não saiu como o esperado? Em primeiro lugar está claro que a execração pública a que foram submetidos a esquerda em geral, particularmente o PT, e sua principal liderança, o presidente Lula, nos últimos anos, não atingiram os resultados esperados. Claro está que os golpistas pretendiam que em 2018, Lula estivesse com sua reputação destruída e não contasse eleitoralmente, o mesmo ocorrendo com o PT. Ocorre que Lula não tem adversários numa eleição presidencial limpa e justa. E o PT após oscilar para baixo na preferência partidária do eleitorado voltou ao patamar de dezenove pontos, em pesquisa da Data Folha realizada nesse ano(2). Pelo lado dos golpistas não surgiu o “Macron(3)” tropical. As principais lideranças do golpe parlamentar como Aécio, Serra, Alckmin foram atingidas pelas delações a destarte da blindagem da mídia, da “República de Curitiba”, da PGR e do STF. Serra e Aécio estão descartados, restando a incerta alternativa Alckmin. De concreto o golpe e sua máquina midiática de “jogar excrementos” deu asas para o abjeto deputado Bolsonaro, cuja performance eleitoral de acordo com pesquisas indica que possui um teto de quinze a dezoito pontos.  Uma alternativa por fora do sistema tradicional dos partidos como os degradados Moro e Dallagnoll (assim como a dupla Marina/Barbosa) também oferecem riscos, sobretudo pela percepção cada vez mais generalizada da instrumentalização da justiça para perseguir o presidente Lula. 

Por seu turno o golpe contava que com sua máquina midiática conseguiria iludir a população e fabricar a versão que a economia voltaria a crescer. De concreto o que se tornou evidente foi a explosão do desemprego e da informalidade, o recuo do PIB para um patamar anterior a 2010, a elevação da concentração de renda nos 1% mais ricos a partir de 2016, o aumento vexatório da desigualdade social com o País reincluído no mapa da fome da ONU, a ausência dos investimentos públicos e privados, e outras degradações da contrarrevolução neoliberal.  Por mais poderosa que seja a indústria de manipulações e de fake news da mídia-empresa, o fato é que já é perceptível a amplas camadas da população que o golpe foi uma tragédia para a maioria dos brasileiros e suas famílias. 

Portanto, considerando o fracasso relativo do principal objetivo político do golpe - a destruição de Lula e o PT - os golpistas “dobraram a sua aposta”! O primeiro lance foi o encarceramento do “Brasil que dá certo” na Superintendência da Polícia Federal do Paraná. Ao partir para a arriscada jogada de encarceramento de Lula é permitido antever os próximos lances do golpismo. Tudo indica que decidiram elevar o golpe para um patamar mais elevado. Caso não tenham garantias de sucesso eleitoral que garanta legitimidade política ao golpismo, é provável que cogitem agregar ao estado de exceção comandado pela “República do Paraná”, o componente militar. É possível que a cartada derradeira esteja sendo preparada, isto é, a postergação das eleições presidenciais de 2018. Para lograr esse intento demandarão aprofundar o caos na sociedade brasileira ao ponto de poder justificar uma intervenção militar que tutelaria um eventual “remédio institucional” transitório. Isso se daria por meio de um parlamentarismo emasculado ou de uma “solução ad hoc” via judiciário. 

Sendo assim é mister que todas as correntes políticas progressistas e de esquerda cerrem fileiras em defesa das eleições de outubro! Em defesa da liberdade do Presidente Lula e na defesa incondicional de seu direito a ser julgado pelo eleitor brasileiro, o verdadeiro soberano da Nação!  A luta em defesa da democracia brasileira deve transcender as fronteiras nacionais. Os golpistas sabem da dimensão da disputa em curso e compreendem que para recolonizar o País devem impor à esquerda uma derrota histórica.  No entanto no caminho do macabro plano há um gigante chamado Lula da Silva, há o PT e os grandes contingentes populares nas cidades e no campo, que podem virar o jogo em prol da democracia!

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(1) Golpismo numa chave mais ampla para a compreensão pode ser definido como o processo de degradação da democracia com o objetivo de recolonizar o País, para o atendimento imediato dos reclames do capital financeiro, das elites econômicas subordinadas e dos interesses geopolíticos dos EUA e da Comissão Europeia. Para isso compraram politicamente o golpe no parlamento para votar o impeachment de Dilma, utilizaram setores golpistas do judiciário para legitimar os ataques ao sistema representativo através da “Lava à Jato”, assim como do MPF e da PF. O gerenciamento da percepção da opinião pública “tornando-a” favorável ao golpe se deu através da mídia-empresa e das redes sociais, por meio de uma “guerra informacional”. (N.A.)

(2) Vide  http://www.pt.org.br/datafolha-pt-continua-sendo-o-partido-preferido-do-brasil/

(3) Emmanuel Macron é o banqueiro - associado aos Rothschild  - eleito presidente da França em 2017, pelo partido “República em Marcha”, que hoje tem maioria na Assembléia Nacional. A agenda neoliberal de Macron consiste em – sobretudo -  atacar a legislação trabalhista. No front externo cumpre como um “poodle” amestrado as diretrizes da OTAN. (N.A.) 

 

 

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