sexta-feira, 27 de julho de 2018

O Espectro Que Ronda o Golpismo: Lula Ganhará as Eleições

| por: Ilton Freitas


O condomínio de golpistas que atentaram contra nossa democracia em 2016, derrubando o governo de Dilma através de um golpe parlamentar - “legitimado” por setores do judiciário e apoiado pela mídia-empresa - imaginaram um outro cenário para o corrente ano. Grosso modo fizeram apostas políticas que não se sustentaram, e outras que a realidade insiste em destroçar a cada pesquisa de intenção de voto para presidente. 





Primeiramente, o condomínio golpista supunha ser possível adiar o pleito[1] desse ano e conduzir Temer e sua gang, ou, alguma outra “solução” ad-hoc (semi-presidencialismo/STF) até o distante 2020. O cálculo consistia em seduzir o atual Congresso com a prorrogação dos mandatos, entregar o que puder das estatais e riquezas naturais para as corporações multinacionais, e assegurar ao “mercado” o tempo suficiente para o saque da economia popular através das “reformas”, sobretudo, a da previdência social. No entanto o êxito político inicial dos golpista com a aprovação do impeachment de Dilma em 2016, não elide o fato de que os resultados políticos esperados foram frustrantes para os conspiradores. A narrativa da Rede Globo na defesa permanente do saque do País, e do caráter modernizador das “reformas” não foi suficiente para ocultar o desastre econômico expressos no absurdo índice de desemprego, na precarização das relações de trabalho e na queda do rendimento das famílias, na quebra generalizada de empresas nacionais e de cadeias produtivas inteiras, no aumento da violência, na volta do Brasil ao “Mapa da Fome da ONU, no retorno de doenças que se supunham erradicadas como, por exemplo, o sarampo, e outras obras neoliberais resultantes do desinvestimento em políticas sociais. Temer, o atual Congresso, o PSDB, setores do Judiciário e “lavajateiros” em geral estão com a imagem associadas à debacle do País, a putrefação das instituições e a ruptura do tecido social. Desse modo a manutenção do calendário eleitoral – em que pese o ataque permanente ao sistema político – pode ser considerado uma vitória provisória dos setores politicamente progressistas, dos movimentos sociais e da opinião pública democrática nativa e do exterior.

Em segundo lugar, supunha a intelligentsia golpista que a maior liderança popular da história do Brasil, o ex-presidente Lula, estivesse após a obsessiva perseguição jurídico/midiática e com o episódio do encarceramento, definitivamente desmoralizada e reduzida a insignificância política e eleitoral. Contavam também com a destruição do PT e seus principais dirigentes. O que vemos nos dias de hoje é que a memória popular não esqueceu os grandes avanços econômicos e de políticas sociais dos governos Lula. Confrontados com a experiência da contrarrevolução neoliberal e a destruição do País, parte significativa da população se deu conta de que o encarceramento do ex-presidente tem o único fito de impedir sua candidatura, e de sua mais do que provável vitória eleitoral[2]. Para os golpistas Lula se tornou uma imagem espectral que os assombra e que ameaça o projeto de recolonização do País.

Finalmente o plano B do golpismo - no caso de insucesso em não conseguir adiar as eleições - era a promoção de um candidato competitivo eleitoralmente. Claro está que a aberração Bolsonaro é um efeito indesejado! Sendo assim tentam requentar o “plano Alckmin” com o apoio do dito “Centrão”[3]. É possível que coloquem em marcha uma gigantesca campanha publicitária em defesa do representante tucano. Contudo, as eleições se aproximam e o anátema contra as candidaturas identificadas com o golpe tornam críticas as chances da direita em produzir uma solução em condições de vencer as eleições. A maldição não vale para Bolsonaro, ao contrário, ele reforça o anátema na medida que sua não desprezível intenção de voto prejudica e pouco transfere a intenção de voto para os candidatos confiáveis da direita. A essa altura o QG golpista já constatou que a equação política do golpe fracassou, visto que Lula e a esquerda não foram destruídos. A continuidade da execução da agenda neoliberal de saque à economia popular e de desmonte do País está ameaçada.

O que farão os golpistas nesse cenário? Mantido o calendário eleitoral terão que impedir a candidatura de Lula a todo custo. No entanto, se o ex-presidente indicar uma candidatura para sucedê-lo ela chegará seguramente ao segundo turno, e com boas possibilidades de êxito. Talvez os golpistas abandonem seus anêmicos representantes como Alckmin e “inovem” com uma candidatura “descontaminada” do sistema político. No entanto os “balões de ensaio” Huck e Joaquim Barbosa não prosperaram. Tentarão Moro, ou outro “lavajateiro” da República de Curitiba? A opção é arriscada, posto que estão cada vez mais associados com a já percebida parcialidade e partidarização do judiciário no caso Lula. Além do que a popularidade de Moro não é mais a mesma. Mas, por sua vez, é sintomático que um dos protagonistas do golpe, o “judge” Moro, tenha declarado recentemente e em tom ameaçador que as eleições ameaçam a “Lava à Jato”. O que ele quis dizer é que a eleição de uma candidatura da esquerda, ou, centro-esquerda ameaça o projeto golpista. Isso nos permite conjecturar duas possibilidades. A primeira é que as forças golpistas tentarão aprofundar o caos e a desordem no País com o intuito de desarquivar o plano de adiamento das eleições, ou, já deram o início ao planejamento da sabotagem do futuro governo de esquerda ou de centro-esquerda que sairá vitorioso das urnas em outubro!


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[1] Supomos que o adiamento das eleições de 2018, correspondia as aspirações do golpismo tendo em vista a consolidação no tempo da agenda neoliberal de privatizações de setores estratégicos nacionais, da retirada de direitos dos trabalhadores, do desinvestimento social a partir do congelamento de recursos orçamentários, da reforma previdenciária e outros atentados contra o povo brasileiro N.A.

[2] É o que demonstra a pesquisa CUT/Vox Populi divulgada em 26/07/18, onde Lula vence no primeiro turno das eleições com 58% dos votos válidos. No cenário estimulado em que aparece o nome dos candidatos o ex-presidente aumentou sua intenção de voto para 41%, contra os 39% registrado em maio. Na pesquisa de julho a soma de todos os outros candidatos alcançou 29%. Bolsonaro está em segundo lugar com 12%, seguido por Ciro Gomes com 5%. Marina aparece com 6% e Alckmin com apenas 4%. N.A.

[3] O “Centrâo” é uma alusão aos partidos que na Assembleia Constituinte de 1988, formaram uma aliança reacionária para barrar os avanços populares na Carta. Hoje repetem à dose e dão sustentação ao corrupto governo de Temer. O “Centrão” é constituído por boa parte do MDB, pelo DEM, PTB, PP, PPS e setores fisiológicos do Congresso Nacional. N. A.

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